Monday, April 30, 2007

COMING TOGETHER (1972)

A concepção de "Coming Together" é simples e mesmo, por vezes, minimal. O narrador lê repetidamente uma das cartas de Sam Melville escritas na prisão de Attica, sobre um fundo musical jazzy e repetitivo. O resultado é “arte política”... “Coming Together” é o testemunho político de Samuel Grossman (o verdadeiro nome de Sam Melville) que foi condenado em 1969 por atentados bombistas em Manhattan contra a guerra do Vietnam. O sentido do tempo sem fim que o texto sugere é replicado na corrente infinita da música de Rzewski.

TEXTO (tradução de Cristiana Vasconcelos Rodrigues)
Penso que a combinação da idade com uma maior pacificação é responsável pela rapidez do tempo que passa.
Passaram já seis meses, e posso dizer, sinceramente, que poucos períodos na minha vida passaram tão depressa.
Encontro‑me num excelente estado de saúde física e emocional.
Sem dúvida que tenho pela frente surpresas inesperadas, mas sinto‑me seguro e preparado.

Assim como amantes clarificam as suas emoções em tempo de crise, também eu lido com o que me rodeia.
Na crueldade indiferente, no ruído incessante, na química experimental dos alimentos, no vociferar histérico de homens perdidos, consigo agir com clareza e sentido.
Sou ponderado (por vezes mesmo calculista), é raro empregar histrionismos, senão para testar a reacção de outros.
Leio bastante, faço exercício, falo com guardas e reclusos, lamentando o curso inevitável da minha vida.

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